20 outubro, 2009

Rima terrorista


Por MC Wendel
queria ser terrorista, queria ser terrorista
daqueles bem loucos que aterroriza
queria ser terrorista pra explodir a Rede Globo
queria ser terrorista para honrar o meu povo
queria pelo menos tentar ganhar a vida
de uma forma mais normal e nao ser rapper homicida
fazer a coisa certa, pra receber a coisa certa
sofrer pra caralho e morrer sempre na merda
pressão psicológica na minha mente prevalece
queria ser feliz mas ai... esquece
o Brasil nao importa se você está morrendo
"um favelado, um bandido a menos"
palavras bem duras pra se escutar
meu ódio minha revolta to pronto pra atirar
polícia violenta, político ladrão
pastor mentiroso, um bando de cuzão
a maldade, a ganância no coração de cada um
sangue após sangue de norte a sul
será que o inferno é pior do que aqui
será que estamos próximos? próximos do fim?
por isso vou na fé pra manter minha postura
pra bater de frente periferia ninguém segura
a patricinha gasta a toa pra turbinar a sua bunda
tudo é falso igual a Angélica & a Xuxa
famosos globais vão tomar no cu
aqui mais um maluco, mais um rapaz comum
que excita a violência de uma forma transparente
batendo de frente pra ser sobrevivente
de uma guerra do caralho que nunca acaba
que deixa a madame de calcinha na quebrada

queria ser terrorista, queria ser terrorista
daqueles bem loucos que aterroriza
queria ser terrorista, queria ser terrorista
que num piscar de olhos muda todo clima
se piscar o olho a bomba vai explodir

em forma de rima pra ver quem manda aqui
o vagabundo abalando quem diria
com o apoio dos irmão então periferia
a conseqüência da opressão de toda burguesia
transformado em rima no dia-a-dia
mãos pra cima ai é um assalto
quero sua filha & seu carro importado
de uma forma bem louca de uma forma terrorista
de uma forma racional eu vivo minha vida
o Faustão nao quer saber se vira nos 30
desigualdade social me torna homicida
o verbo pesado, puta que pariu
tipo um muleque com uma HK & um fuzil
aí fica ligado firmeza total
playboy se arrepia & também passa mau
som de vagabundo que sabe o que passa
você se faz de surdo pode crê vaza
terrorismo rimado, rima clandestina
o som que arrepia, o som que arrepia
tô na cena eu & 2 parceiros
a procura de paz, a procura de dinheiro
louco revoltado, embaçando com a madame
verso agressivo o terrorismo se expande
Maranhão truta o bagulho é doido
policia violenta playboy muito louco
madame gasta a toa, vaca vadia
queria ser terrorista, queria ser terrorista!

MC Wendel é Carlos Wenderson Saminez, que é coordenador geral da Associação de Hip Hop, Cultura e Arte da Periferia - CulturArt, clique aqui.

02 outubro, 2009

Vida assim



Por Antonielson Sousa

Vida assim o que errar será o erro.
Não há espaço para fracos,
Só permissão de cometer falhas.
Não existe medo de enfrentar o destino,
Nem silêncio que cale o coração.
Não existe espaço para lágrimas,
Nem mãos que não conseguem abrir e fechar.
Não existem pernas que não tenham forças,
Nem dedos que não suportam o tortuoso frio.
Vida assim, não nos dar a chance de escolha,
Nem nos faz os melhores.
Vida assim permite apenas sermos vencedores.

O Poeta - Antonielson Sousa (19 anos) é um estudante de História (e recentemente aprovado para o curso de Filosofia da Universidade Estadual do Maranhão - UEMA). Tony, como é chamado entre amigos, escreve todo tipo de texto, mas principalmente poesia, é blogueiro (um dos criadores deste blog). O poeta é evangélico (Igreja Adventista do Sétimo Dia).

01 outubro, 2009

Justiça seja feita!

Por MC Wendel

O fim da opressão com a periferia
é o mesmo que falar que existe a justiça
dia após dia aquecimento global
foda-se essa merda aqui é Sistema Central
batida pesada enquanto aqui eu solto o verbo
sílaba tônica, pronome, advérbio
ataque verbal com palavras agressivas pra quem me julga,
fala mau da minha vida
política opressora,
discriminação racial
século XXI caralho não me leve a mau
enquanto eu falo aqui,
muitos finge não ouvir
se não tiver gostando é melhor sair daqui
meu rap não é pra boy, muitos menos pra vadia
mandar abrir os olhos hoje é apologia
periferia minha quebrada mão pra cima só quem é
tomada de poder aumenta minha fé
justiça tem q ter eu quero paz & não a guerra
não tenho tanto IBOPE como o caso Isabella
baba ovo de playboy é que mais tem por aqui
morte após morte na periferia não tão nem aí
seu parente costurado & a vadia no teatro
diz que é artista só por que tem filme pornográfico
vai na TV com o estilo infantil
não vou pegar pesado: vai pra puta que pariu
5 de junho de 89
estudantes em Pequim protestam até a morte
fatos passados relembro com certeza
ai cuzão fica ligado justiça vai ser feita

Justiça vai ser feita, perfeita, perfeita!!
O que acontece aqui, pode crê é muita trêta

Não adianta pedir justiça nessa porra de país
corrupção em todo lugar, ta na ponta do nariz
o cego abriu os olhos conseguiu enxergar
o paralítico se levantou e começou a andar
pra pedir igualdade, justiça e paz
o cano na cabeça pou!! pou! & muito mais!
não precisa ter medo eu sempre fui assim
tipo Bob Marley & Martin Luther King,
Sabotage não morreu ao contrário esta vivo
via onda sonora seqüestra o seu filho
devia ser escravo louco na vida passada
fugia da exploração e também da senzala
o rosto abatido entre o amor e a guerra
quero dinheiro menos vida eterna
a sociedade vira as costas pra mim pra você
agente só existe pedindo justiça na TV
ou então negociando coma policia federal
habeas corpus concedido o veneno tá mil grau
justiça? só com as próprias mão
só corpo tá no IML esperando o caixão
não quero te ver no necrotério, da pra entender
se não quiser me ouvir o teu sangue vai escorrer
o vício acelera corrói o coração
justiça igualdade de irmão pra irmão
verso criticado verso histórico
o rap tá na veia pode crer tipo protótipo
fatos passados relembro com certeza
aí cuzão fica ligado justiça vai ser feita!

O Autor



MC Wendel é Wenderson Saminez Oliveira, um jovem de pele parda que curte a música e a cultura do povo preto e da periferia (o Hip Hop). Wendel não escreve poesias, mas letras de Rap, que ele mesmo canta sempre que convidado. A nosso convite enviou a letra de uma de suas músicas para publicarmos com exclusividade neste blog. Seus textos tratam da dura realidade vivida por uma juventude vítima de sistema que fabrica pobres e marginais, fazendo parte do que é conhecido como Literatura Marginal.

24 setembro, 2009

Fagulhas

Por Cleo Freitas

I
As palavras bonitas
E os versos ligeiros
Fugiram contigo,
Para que eu não possa
Colocar aqui
Em rimas fáceis
Lembranças de tuas incertezas
Do teu sorriso indecifrável
Do cigarro apagado.

II
João,Talvez meu coração calejado
Não tenha dedicado a ti
Paixão em tamanho merecido.

III
Em teu corpo miúdo,
Naveguei por mares
Nunca antes navegado.
Em teus lábios,
Andei por caminhos
Nunca antes trilhados.

IV
Quero celebrar o homem
Que existe em teu seio de menino,
Que trouxe a mim
Fagulhas de felicidade
Cuidadosamente embaladas.

V
Meu anjo de dezesseis anos,
Vai embora, vive tua vida
Sem olhar para trás
Deixe-me aqui remoendo saudades,
Mágoas jamais.
Deixe-me aqui com fagulhas de certezas
Que um dia fui amado.
Aqui ficam as lembranças
De uma casinha branca
Com suas coisinhas,
Ficam aqui saudades das tardes ligeiras que passamos juntos
Escondidos do mundo,
Ficam aqui lembranças de teu sorriso indecifrável
De tuas incertezas.

PS: há muito tempo escrevo textos em versos (alguns minúsculos, do tamanho da minha inspiração), que eu ouso chamar de “poemas”. Estes são os meus últimos, todos escritos na noite do natal, ano passado. Estão dedicados a minha ultima paixão platônica (João Paulo). Agradeço a compreensão, espero que gostem. Visite o blog e conheça mais o autor clicando aqui.